Sindicato dos Condutores participa de ato em repúdio a morte de trabalhador em Jacareí

Leandro Comiano Dainez, 41 anos, era trabalhador terceirizado na Suzano Papel e Celulose, em Jacarei. Ele é mais uma vitima fatal decorrente de acidente de trabalho no Brasil. Infelizmente, ele não está sozinho. A tragédia é anunciada, segundo os diretores do Sindicato dos Papeleiros de Jacareí, que com o apoio de uma frente ampla de sindicatos, organizou na manha desta sexta-feira, um ato de repúdio com os trabalhadores na entrada do turno.

O acidente que tirou a vida deste trabalhador ocorreu na última quarta-feira, quando Leandro caiu de uma estrutura e sofreu uma queda de mais de 12 metros .  No mesmo dia, em Taubaté, um servidor público também veio a óbito ao cair de máquina escavadeira no aterro sanitário da cidade.

Sobre o caso de Leandro, o Sindicato dos Papeleiros denuncia a falta de manutenção em estruturas na fábrica e relata que recentemente houve outra ocorrência grave no local.

Para o vice-presidente do Sindicato dos Condutores do Vale do Paraíba, Ronaldo Costa, o Ripa, que desde 2008 é motorista carreteiro no local, além da falta de manutenção, a terceirização também é outro agravante.

“Companheiros e companheiras, depois que foi liberado a revelia a terceirização nesse país, o número de acidentes de trabalho aumentou drasticamente. Cadê a responsabilidade da Suzano? Eu já trabalho nesta fábrica deste 2008, sou motorista carreteiro. Desde que a Suzano assumiu, os trabalhadores foram deixados em terceiro plano. Hoje, o técnico de segurança, na maioria das vezes, cobra dos trabalhadores, mas não cobra da empresa, porque se não ele é mandado embora”, disse Ripa, que destaca outros problemas na unidade da Suzano.

“Ali naquele pátio de madeira existe um picador, há mais de 10 anos existe uma poça d’água. Onde o motorista é obrigado a descer e colocar o pé nessa água que passa rato, tem doença e a Suzano não faz nada. Porque se ela parar essa linha vai mexer no lucro dela e isso ela não quer. Nós estamos cobrando aqui é segurança, responsabilidade”, disse o dirigente. que finaliza chamando os trabalhadores para mobilização.

“Não existe empresa que detenha o trabalhador, mas pra isso o trabalhador tem que ter consciência. Tem que ter o compromisso de garantir pelo menos o que é bom pra você. Se todo mundo tiver essa consciência, quero ver empresário deter. Os Condutores do Vale do Paraíba também estão em luto pelo companheiro Leandro, que teve sua vida ceifada. Existe algum responsável e esse precisa ser punido. Nós queremos trabalho com responsabilidade, segurança e dignidade”, conclui o vice-presidente, Ripa.

Para o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, Odair José Leite Viriato, as empresas precisam cuidar da segurança e da vida dos seus trabalhadores com seriedade. “Um dedo, a vida, você não encontra no almoxarifado. Se a gente perde uma negociação, podemos fazer de novo no próximo ano. Já a vida não volta.”

2538 mortes – O coordenador da CUT Vale do Paraíba, Zé Carlos dos Condutores, destacou em sua fala, o alto número de acidentes de trabalho e de mortes de trabalhadores em 2022.

“É muito triste estar aqui pela morte de um trabalhador. Em 2022, foram 612 mil acidentes e 2538 mortes no Brasil. E há muitos casos camuflados, porque há muitos locais onde não há CIPA, fiscalização. Nós temos o dia 29 de abril que é um dia de luta contra os acidentes de trabalho. É fundamental que os trabalhadores se organizem e lutem”, disse Zé Carlos dos Condutores.

O ato também contou com o apoio do Sindicato dos trabalhadores nas Cozinhas Industriais, Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São José dos Campos e Litoral Norte, Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Jacareí, Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Taubaté, Sindicato dos Papeleiros de Mogi das Cruzes.

 

 

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